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sábado, 27 de junho de 2009

NÓS, OS CANCERIANOS

Até o ser mais cético do mundo arriscou uma espiadela num manual de astrologia. Afinal, que pessoa não procura, de alguma maneira, saber um pouco mais sobre si? Tudo bem, há quem consulte o analista, a manicure, o taxista, o feirante etc. Mas, vamos combinar, sempre encontramos na descrição de nosso signo algo que nos faz dizer: "essa sou eu!".


Há quem pense que isso é assunto de "mulherzinha". BA-LE-LA. Conheço muitas mulheres pra lá de especiais e homens que até mapa astral fazem. Eu não sou diferente deles e nem da mulherada do pique zodiacal. Sou canceriana e isso, pra mim, é motivo de orgulho. Até os defeitos dos nativos desse signo parecem-me simpáticos. Sei lá quantos milhares de cancerianos têm pelo mundo, mas sei de alguns que formam o verdadeiro time dos sonhos. Atenta: Ernest Hemingway, Modigliani, Marcel Proust, Ringo Starr, Carlos Gomes, Raul Seixas, Frida Kahlo, Meryl Streep, Ingmar Bergman, Franz Kafka, Dalai-Lama, Nelson Mandela, Júlio, Marga, Paco, Aline, Pâmela, Daiane e GEORGE W. BUSH. Bem, esse último é a ovelha negra do zodíaco, o legítimo inferno astral dos cancerianos. Deixa esse pra lá.


Quero destacar o canceriano maior: GUIMARÃES ROSA. Escritor lunar, aguado, intuitivo, fechado e muito, muito sensível. Há em cada página de sua obra uma pegada de caranguejo. Quem é leitor e canceriano sabe do que estou falando. Embora considere a prosa do mestre muito mais poética do que sua poesia, encerro com SAUDADE, retrato dos nativos do signo.


Ah, tudo isso porque Guima e eu somos do mesmo dia!


Saudade de tudo!...


Saudade, essencial e orgânica,

de horas passadas,

que eu podia viver e não vivi!...

Saudade de gente que não conheço,

de amigos nascidos noutra terras,

de almas órfãs e irmãs,

de minha gente dispersa,

que talvez até hoje ainda espere por mim...

Saudade triste do passado,

saudade gloriosa do futuro,

saudade de todos os presentes

vividos fora de mim!...

Pressa!...

Ânsia voraz de me fazer muitos,

fome angustiada da fusão de tudo,

sede da volta final

da grande experiência:

uma só alma em um só corpo,

uma só alma-corpo,

um só,

um!...

Como quem fecha numa gota

o Oceano,

afogado no fundo de si mesmo...